Este artigo investiga em que medida João Calvino foi influenciado pela filosofia estoica durante sua juventude, com foco especial em seu comentário sobre o tratado “De Clementia” de Sêneca, publicado em 1532. Através de uma análise histórico-filosófica, examina-se o contexto intelectual do Renascimento, os princípios fundamentais do estoicismo, e sua recepção no pensamento do jovem Calvino. O estudo demonstra que elementos significativos da filosofia estoica estiveram presentes na formação intelectual de Calvino, especialmente conceitos relacionados à virtude, providência e ordem racional. Embora após sua conversão religiosa Calvino tenha subordinado essas influências à teologia reformada, adaptando-as e, em alguns casos, criticando-as à luz de sua compreensão das Escrituras, é possível identificar continuidades importantes entre seu engajamento inicial com o estoicismo e seu pensamento teológico maduro. Esta pesquisa contribui para uma compreensão mais nuançada das raízes filosóficas do calvinismo e do diálogo entre o pensamento clássico e a teologia cristã no contexto da Reforma.

Leia mais

Resumo: Este artigo realiza uma análise comparativa do conceito de liberdade na obra “A Liberdade Cristã” (1520) de Martinho Lutero e na filosofia de Baruch de Espinosa, particularmente em sua “Ética”. O objetivo é identificar os pontos de convergência e divergência entre a liberdade como dom da graça divina mediado pela fé (Lutero) e a liberdade como autodeterminação racional conforme a necessidade da natureza (Espinosa). Utilizando metodologia de análise bibliográfica e conceitual, o estudo explora o paradoxo luterano da liberdade interior e servidão exterior, a justificação pela fé e a libertação da lei, contrastando-os com a crítica espinosana ao livre-arbítrio, a liberdade como conhecimento adequado das causas e aumento da potência de agir. Convergências são notadas na ênfase na interioridade da liberdade e na crítica a concepções ilusórias. Contudo, as divergências são mais profundas, abrangendo os fundamentos (teológico vs. filosófico), as concepções de Deus (transcendente vs. imanente), a relação com a lei e a necessidade, o determinismo e o objetivo final (salvação vs. beatitude). Conclui-se que, apesar de compartilharem uma busca pela emancipação da servidão, Lutero e Espinosa oferecem caminhos e destinos radicalmente distintos para a liberdade humana, enriquecendo a compreensão de suas múltiplas dimensões.

Leia mais

2/2