Sobre o Problema do Ser e O Caminho do Campo
A resenha crítica analisa as obras “Sobre o Problema do Ser” (Zur Seinsfrage) e “O Caminho do Campo” (Der Feldweg) de Martin Heidegger, textos que representam momentos significativos de sua fase tardia. Em “Sobre o Problema do Ser”, originalmente uma contribuição em diálogo com Ernst Jünger sobre o niilismo, Heidegger desloca a discussão para uma investigação da essência e origem do niilismo, conectando-o ao esquecimento do Ser (Seinsvergessenheit) na tradição metafísica ocidental. O filósofo critica a metafísica por ter negligenciado a diferença ontológica fundamental entre o Ser (Sein) e o ente (Seiendes), reduzindo o Ser a uma característica do ente. Este esquecimento culmina na era da técnica moderna, cuja essência (Gestell) representa a forma consumada da metafísica da subjetividade, onde tudo é enquadrado como recurso disponível (Bestand). “O Caminho do Campo”, por sua vez, oferece um contraponto lírico e meditativo, sugerindo uma experiência do Ser que se revela na proximidade e na escuta atenta, apontando para a possibilidade de um pensamento meditativo (besinnliches Denken) como alternativa ao pensamento calculador dominante. A segunda parte da resenha estabelece diálogos com o pensamento contemporâneo, destacando a relevância persistente da questão do Ser e analisando as divergências fundamentais entre Heidegger e Sartre. Enquanto Sartre enfatiza a liberdade radical do sujeito como fundamento da existência, Heidegger prioriza a condição de “ser-lançado” (Geworfenheit) do Dasein e sua abertura à escuta do apelo do Ser. A concepção do Nada também difere: para Sartre, o Nada é introduzido no Ser pela consciência; para Heidegger, o Nada pertence à própria essência do Ser. A resenha também aborda críticas ao pensamento heideggeriano, como sua linguagem obscura, seu envolvimento com o nazismo e a possível insuficiência de sua proposta diante dos desafios éticos e políticos contemporâneos. Não obstante, conclui que a filosofia de Heidegger permanece um interlocutor indispensável para pensar nosso tempo, desafiando a filosofia a confrontar a questão ontológica fundamental que subjaz à nossa compreensão do mundo.
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