A resenha crítica analisa as obras “Sobre o Problema do Ser” (Zur Seinsfrage) e “O Caminho do Campo” (Der Feldweg) de Martin Heidegger, textos que representam momentos significativos de sua fase tardia. Em “Sobre o Problema do Ser”, originalmente uma contribuição em diálogo com Ernst Jünger sobre o niilismo, Heidegger desloca a discussão para uma investigação da essência e origem do niilismo, conectando-o ao esquecimento do Ser (Seinsvergessenheit) na tradição metafísica ocidental. O filósofo critica a metafísica por ter negligenciado a diferença ontológica fundamental entre o Ser (Sein) e o ente (Seiendes), reduzindo o Ser a uma característica do ente. Este esquecimento culmina na era da técnica moderna, cuja essência (Gestell) representa a forma consumada da metafísica da subjetividade, onde tudo é enquadrado como recurso disponível (Bestand). “O Caminho do Campo”, por sua vez, oferece um contraponto lírico e meditativo, sugerindo uma experiência do Ser que se revela na proximidade e na escuta atenta, apontando para a possibilidade de um pensamento meditativo (besinnliches Denken) como alternativa ao pensamento calculador dominante. A segunda parte da resenha estabelece diálogos com o pensamento contemporâneo, destacando a relevância persistente da questão do Ser e analisando as divergências fundamentais entre Heidegger e Sartre. Enquanto Sartre enfatiza a liberdade radical do sujeito como fundamento da existência, Heidegger prioriza a condição de “ser-lançado” (Geworfenheit) do Dasein e sua abertura à escuta do apelo do Ser. A concepção do Nada também difere: para Sartre, o Nada é introduzido no Ser pela consciência; para Heidegger, o Nada pertence à própria essência do Ser. A resenha também aborda críticas ao pensamento heideggeriano, como sua linguagem obscura, seu envolvimento com o nazismo e a possível insuficiência de sua proposta diante dos desafios éticos e políticos contemporâneos. Não obstante, conclui que a filosofia de Heidegger permanece um interlocutor indispensável para pensar nosso tempo, desafiando a filosofia a confrontar a questão ontológica fundamental que subjaz à nossa compreensão do mundo.

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A resenha aborda a obra “Introducción a la fenomenología de la religión” de Juan Martín Velasco, que aplica o método fenomenológico ao estudo da religião. Apresenta o contexto histórico e o método (epoché, empatia) para compreender a especificidade do fenômeno religioso. Analisa conceitos centrais como o “Mistério” transcendente, a atitude religiosa humana (reconhecimento, busca de salvação) e as mediações objetivas (símbolos, mitos, ritos). Explora as diferentes configurações históricas do divino (politeísmo, monoteísmo, etc.). Discute a situação da religião na sociedade secularizada, suas transformações e persistências. Avalia as contribuições da obra, como a integração com ciências da religião, e suas limitações, como a perspectiva eurocêntrica. Destaca a relevância da obra para o estudo atual da religião e o diálogo inter-religioso. Conclui reafirmando o valor da abordagem fenomenológica crítica e historicamente consciente.

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No Prefácio, Van der Leeuw reconhece o caráter esboçado de sua exposição, dado o vasto campo da fenomenologia da religião, mas enfatiza seu esforço de oferecer “uma guia útil para a compreensão do material histórico” e valoriza a apresentação direta dos fenômenos, mantendo a “luta em comum” pela correta apreensão dos fenômenos religiosos (p. 9–12). No Epílogo (§ 109–112), desenvolve a fundamentação metodológica: diferencia o dado empírico do “fenômeno” mediante redução fenomenológica (p. 642–644); define religião como relação com o “totalmente outro” e a fenomenologia como acesso reflexivo a essa experiência (p. 645–652); e traça a história da disciplina de De Brosses a Husserl e Scheler (p. 653–658).

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