Por que Maçônica?

Por que Maçônica?






Por que Maçônica? 
Academia Maçônica de Filosofia é uma prática de ensino de filosofia. 
O adjetivo maçom ou maçônico para qualificar uma escola de ensino de filosofia tem longa história.   Seu início pode ser registrado com Jesus de Nazaré ao afirmar que não era necessário templo para se cultivar o sagrado. O templo que importava para o nazareno consistia em uma questão espiritual e não meramente física. 
Esse ponto de vista oriundo de Jesus de Nazaré, junto com vários outros, foi pensado ao longo da história da era cristã de várias formas. Como sabemos, em nome da fé e da religião se justifica qualquer barbárie humana. Porém, no caso específico da metáfora o “templo habita em mim” ou “eu sou o templo” podemos começar a apresentar em que sentido tomar o adjetivo maçom para uma escola de filosofia faz sentido e tem seu ponto de partida da afirmação do nazareno.  
A relação é fruto de outro contexto. Propriamente a partir do Renascimento e do Iluminismo procurou-se fundar novos parâmetros de escolas e ideais. Nesse contexto foi comum a busca por dar  outro significado para a vida, em especial outro sentido que fizesse oposição ao modelo reinante e hegemônico da Igreja Católica.  
No contexto do Renascimento fundou-se em Florença, Itália, um espaço que se tornou ícone do esforço dessa época. Trata-se da Escola Platônica de Florença na qual Marcílio Ficino e Pico dela Mirandola, entre outros, se dedicaram a traduzir e escrever sobre assuntos periféricos ao aristotelismo teológico reinante na Europa continental. 
O legado dessa escola é suscetível de várias discussões, o que é uma qualidade muito bem vista na Filosofia. Porém, pode-se dizer que o mesmo espírito que moveu os fundadores dessa experiência cultural se espalho para o restante da Europa. Estabelecendo relações que podem ser verificadas na base das Academias de Ciências, francesa e outra inglesa, que ainda se fazem presente entre nossos dias. 
Ao largo dessas experiências de Academias, que logo passaram a contar com recursos financeiros, surgiram toda uma cultura inspirada pelo desejo de retomar um jeito de ser e viver a tempo perdido. Entre os inventos mais conhecidos foram as associações de sociabilidade. Salões de chá, teatro, literatura, declamações de poemas, as animadas conversas de bares e cafés. 
Alguns foram um pouco mais longe fundando associações formais, com regras, hierarquia e intervenções sociais mais elaboradas. Os Compangones de França é um feliz exemplo em atividade nos dias de hoje. Considerado pela Unesco como patrimônio cultural. Com certa semelhança e com muito mais notoriedade tem ainda a franco-maçonaria, ou os pedreiros-franco. 
Os fraco-maçons eram os que em algum dia no passado, na alta e baixa idade média, trabalhavam na construção civil e utilizavam um tipo específico de pedra. Outra alcunha que esse grupo adotou foi a de pedreiros livres, pois, no espírito de reformar e reinventar um novo jeito de ser, eles verificaram que na Idade Média existia uma forma de trabalho onde havia uma certa liberdade, dentre as várias outras de servidão, que era a dos  “pedreiros”. Por uma questão obvia, os especialista em fazer casas, castelos e igrejas tinha que se locomover de uma região a outra. Após terminar uma empreitada, eles eram muito bem vindo em outra propriedade. 
O termo maçom ganhou força e várias associações passaram a utilizar um conjunto de metáforas que relacionam a idéia de Jesus de Nazaré, enquanto templo subjetivo e espiritual, e os instrumentos  empregado para se fazer uma casa ou Igreja. 
A força do termo e das associações com esse nome motiva milhares de obras. A história da Franco-maçonaria é um labirinto de teses e informações que nos leva a desistir de querer propor um mapa desse labirinto. Para quem vivem em Paris ou na Europa a força dessa associação parece-nos mais obvia. A quantidade de edificação que utiliza pedras é impressionante e nos dá ao menos a pista de que multidões de pessoas trabalhavam nessa cadeia produtiva. Um exemplo ainda mais concreto são os túneis que existem debaixo de Paris. Fruto de mais de dois mil anos de extração de pedra de calcário. 
Os túneis debaixo de Paris tem apenas 9 km abertos para visitas ao público. Porém, dados oficiais da prefeitura de Paris registra aproximadamente 300 km de túneis. O que constitui em verdadeiro problema público de afundamentos. Na construção dos vários túneis do metrô de Paris as antigas marcas das extração de pedra provou um enorme desabamento. Existe um órgão especifico da prefeitura de Paris que cuida desses subterrâneos e dos problemas que eles ainda hoje provocam. Aliás, os aventureiros em explorar os túneis constituem verdadeira iguaria da eclética Paris. 
Podemos fazer a inferência que a construção civil sempre empregou muita gente e que entre o vários pedreiros haviam aqueles que foram tornando-se mais polidos do ponto de vistas da cultura letrada. Operando uma passagem do trabalho concreto de extração e construção para a de administrador desses processos. A longa cadeia produtiva da construção civil tornou-se o ambiente no qual a Filosofia Renascentista e Iluminista fermentou. 
Em uma fase mais sofisticada pode-se verificar na franco-maçonaria homens de elevado papel na hierarquia social. Porém, na sua origem é indiscutível o fato de que serviço de pedreiro era praticado por pessoas simples e que, com o passar do tempo, foram exercendo algum tipo de poder sobre os processos da cadeia produtiva da construção civil. Para exercer essa função de comando pode-se fazer a mesma inferência de que o conhecimento filosófico ou as idéias que compõe o grande caldo cultural do Renascimento e Iluminismo tenha se tornado apreciada por esses administradores.
O que explica a permanência de metáforas da construção civil para se pensar e falar de filosofia. Soma-se ainda outro fato, como nos alerta alguns pesquisadores de História. Existiu o grande Iluminismo, feito por nobres e burgueses, e o pequeno iluminismo ou aquele feito pelas pessoas mais simples. Nesse contexto de ideais iluministas mais populares a razão ocupava um lugar privilegiado, mas não se expurgava a presença de Deus.  O que nos faz retomar novamente a idéia cristã de que o importante é Templo interno. “Deixar que Deus habite vosso coração, ser morada de Deus”. 
O fenômeno social da construção civil na Europa parece-nos uma tese forte para explicar em bases materiais o surgimento e sofisticação das associações que utilizavam como método de formação metáforas da construção. A força da franco-maçonaria foi aliar as condições materiais disponíveis à discussão filosófica. O que lhe rendeu muita força, pois considerou e utilizou elementos presentes na vida do cotidiano de milhares de pessoas. 
Uma Academia Maçônica de Filosofia assume para si o adjetivo maçom na perspectiva de encarar o difícil papel de ensinar Filosofia nos dias de hoje.  A eficiência no uso das metáforas da construção civil nos parece ter força ainda hoje. Convidar alguém a ser mais culto e ser um cidadão mais ativo pode parecer abstrato demais para um aluno de ensino médio. Porém, se apresentarmos uma imagem na qual contém uma escultura e que a mesma age sobre si, teremos um efeito mais amplo do que dizer o ditado inscrito no templo de Delfos “conheça-te a ti mesmo”, a qual Sócrates tomou para si e as vezes é até confundida entre nós como sendo dele.
Os efeitos do conhecer a si também encontram ecos na idéia de Jesus de Nazaré em construir o templo em si. 

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