O Trabalho na Cultura Brasileira

O Trabalho na Cultura Brasileira

A Cultura Brasileira comporta elementos desejáveis e outros expurgáveis. Como
terceiro ponto dessa tensão própria a qualquer cultura, temos a exuberância dos
recursos naturais. O que mais nos preocupa enquanto pessoa que se dedica ao
trabalho cultural é promover o lado positivo da cultura para que essa dimensão
do humano estabeleça equivalência com a topografia que habita.
O
pensamento filosófico como um tipo especifico de pensar tem muito a contribuir
com essa equivalência. O Brasil deixou de ser rural a pouco, na década de 60
éramos um país majoritariamente rural e já na década de 90 totalmente urbano.
Essa transição relativamente rápida nos privou de certos desenvolvimentos
culturais. Para corroborar ainda mais a novidade, saímos da cultura rural para
a cultura de consumo, baseada na oferta de crédito.
Essa
novidade nos põe diante a precarização das relações de trabalho e de um
trabalhador sem as devidas maturidades 
necessária para o fantástico mundo novo do crédito fácil. A conclusão
são as péssimas condições do trabalhador formal.
De
um lado temos uma relação patrão empregada que guarda muito da relação
rural  feudalista. O patrão se comporta
como proprietário do trabalhador. Há um forte hierarquia valorativa na qual
funções “menores” são associadas a pessoas também “menos pessoas”. O patrão se
sente ontologicamente mais gente do que seus empregados. Quadro totalmente
explicável quando retomarmos a história do Brasil Colônia, escravocrata,  e daí traçarmos uma história que facilmente
chega a nós com a manutenção desse quadro.
Os
dois lados, patrão e empregado, no entanto tem um ponto comum. Ambos estão
desatualizado da cultura apropriada para o mercado. O patrão espera algo do
empregado, mas patrão e empregado não sabem na prática o que devem fazer. Nesse
tensão teremos o patrão “escravocrata” emergindo com toda força. Além da
“enxurrada” de palavrório similar a um senhor do café reclamando dos seus
escravos, o patrão irá logo “mandar embora” seu trabalhador. Gerando a
insegurança como outra característica do trabalhador brasileiro.
Salários
baixos, patrão que advoga uma relação escravocrata, instabilidade no emprego,
longos tempos sem emprego formal, são o quadro do pais que pretende ser uma
economia pujante.
O
quadro desejável para a atual cena econômica seria de um trabalhador que não
desejasse ser empregado. Que já tivesse superado essa relação existencial com o
“patrão” senhor feudal e tomasse o seu existir como trabalho seu; passasse a existir por si e não em função
de
. Que já tivesse consciência de que a “segurança” do emprego de carteira foi
uma invenção que beneficiou o patrão durante certo tempo e hoje não é mais
necessária para ele. Emprego estável se consegue de outras formas, não com a
famigerada “carteira assinada”.
Do
lado do patrão o exercício mais urgente é uma terapia  econômica. Ele deverá compreender que não
pega bem querer escravos na maneira antiga. Já temos métodos mais eficientes de
exploração do trabalho alheio. A grande novidade que esse senhor feudal da
colônia precisa saber é que dar autonomia e submeter o trabalhador à lógica da
produção tornou-se mais eficiente. Você delega ao “prestador” de serviços
trabalhos, empreitadas e a ideia de que quanto mais ele produzir, mais ele irá
ganhar.
Obviamente
que essa adaptação tem limites, pois ainda é preciso do funcionário na linha de
produção, mesmo automatizando ao máximo. Porém, constitui um setor limitado com
poucas vagas. Para um grande público, a prestação de serviços é o caminho.
De
certo modo o trabalhador brasileiro está vivendo algo novo na história.
Diferente das revoluções Industriais da Europa, na qual houve êxodo rural e
muita pobreza nas grandes cidades, o nosso êxodo rural tem em cena o uso dos
meios de propaganda de massa para acedia-lo todos os minutos.
Como
se sabe, o excedente de mão de obra operaria sempre funcionou como regulador do
preço do trabalho. A exclusão em Turim ou em Londres, que gerou muitas crianças
em situação de rua, permitia que os trabalhadores sem ocupação na fabrica levar
uma vida livre. Mesmo com fome, sem abrigo, eles fluíam livres pelos cortiços e
acabavam inventado formas de viver.  Nos
dias de hoje é possível encontrar morador de rua assistindo televisão,
preferencialmente a Globo ou o Culto do Pastor Pop-Star. Enfim, não há mais espaço
livre para pensar a si, flagrante contradição com as novas necessidades do
mercado de trabalho. 

P.S.: Para haver um trabalhador livre faz-se necessário uma escola que assim o eduque.

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