O mistério não é o caos!

O mistério não é o caos!

Copiando Lacan, penso que o tema fundamental dos místico, o
mistério da vida, não é algo aleatório, desorganizado, caótico. A contemplação
de um João da Cruz ou qualquer outro místico só faz sentido na medida em que a
revelação já é uma ordem ou revelar implica revelar algo compreensível ao
intelecto, portanto algo segundo uma ordem. Considerando que o intelecto se
define por ser a percepção de um ordenado.
O que habitualmente tem se dito como mística das massas ou,
o que é pior, mística das massas fascistas, caminha no oposto do que é
propriamente mística. Nesse caso o que se chama de mística está mais para uma
percepção fantástica da vida, dos processos inerentes aos acontecimentos.
Salta-se de A para C sem se incomodar com a ausência do B.  O que me parece não ser o verdadeiro objeto
dos místicos. Estar aberto para o mistério não é igual se deixar mover por uma
imbecilidade acerca dos processos do real. Na verdade, a mística não admite um
real fantástico. Uma mística, aliás, deve passar pelo crivo dessa avaliação.
Deve-se dirimir certas construções psíquicas alucinatórias.

O que é realidade e o que não? Em que sentido um esquizofrênico
não é um místico?

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