O início do fim da USP, Unesp e Unicamp

O início do fim da USP, Unesp e Unicamp
Hoje no jornal conservador de São Paulo saiu matéria relatando que o governador de São Paulo determinou que o piso de repasse de verbas para as três universidades públicas desse mesmo Estado seja considerado o teto. A notícia é exemplar e indica que nos próximos 20 a 30 anos os ícones de excelência nacional em pesquisa terão afundados.

No caso da USP e mesmo Unicamp já até vejo os empreendimentos imobiliários em seus “campis”. Com a ascenção dos “Inperes, Ibemec’s, etc”, o que temos é as grandes corporações de educação, que já abocanham as suculentas escolas básicas, criando as condições necessárias para que seus negócios de “excelência” também atraquem no porto do mercado de ensino superior da classe alta e média alta.

Obviamente que não há uma ligação explicita entre empresas de educação privada e a decadência do público. E em geral tais empresas se colocam no mercado dentro das regras capitalistas; ofertando um produto para o qual se paga bem caro pois o mesmo dá o retorno prometido na venda.

A coisa é mais complexa e afirmar que se inicia o fim da USP e suas parentes demanda não uma “lava jato” para se provar, pois não há conexão, mas são os efeitos que irão consolidar a nossa tese de fim. A título de exemplo e argumento, retomo o que ocorreu com a educação básica. Como se sabe, lá no ano de 1972 houve um decreto que permitiu a ascenção das empresas comerciais na educação. Nos anos subsequente o que observamos foi a manutenção da mesma estrutura monetária e física para uma educação pública que deixava de ser de elite e agora se preparava para acolher o máximo de pessoas; em franca migração para às cidades.

A Escola Pública teve fôlego; passou a década de 72-82 vivendo dos restos; seja daqueles professores que ingressaram no magistério na década de 75 em frente, seja das escolas que foram construídas no âmbito da “parceria” MEC/USAID.

Lá em minas, era corrente que como professor se podia ter casa e carro naquela época. Havia ainda um “lugar” social relevante para o professor. Contudo, na década de 90 a casa começou a ruir. Década em que as crianças tradicionalmente excluídas da escola, chegaram à adolescência e ao 2˚ Grau, hoje Ensino Médio(depois de 1996). A violência eclodiu contra a figura do professor e  o magistério deixou de ser uma profissão de prestígio social. Sendo procurada apenas como improviso profissional, especialmente daqueles que se formaram em Administração, Engenharia, Contabilidade; todos foram fazer um bico de matemática.

Já no meio da década de 90 (95), 23 anos depois do famigerado decreto de 1972, a escola pública se tornou o inferno que é hoje. Em grandes centros urbanos como São Paulo qualquer pai com um mínimo de cultura não consegue inscrever seu filho em uma Escola Pública. O “apartheid”  se consolida e a definição de  “escola pública” é: “para quem não pode pagar”.

Nesse caso específico da educação básica é possível estabelecer relações, mas efetivamente não é possível responsabilizar do ponto de vista do Direito que os donos do Objetivo, Nacional, Pitágoras, Positivo, Promove, sejam os responsáveis.

No máximo conseguimos indicar, a título de mais um exemplo, que José Serra está a propor projeto no Senado Federal que reformule as regras do pré-sal e da própria existência da Petrobras. Não dá para promover um debate público no meio da sociedade civil de que ele está ganhando algo; tal inferência só poderia ser feita em investigação policial. E nós da sociedade civil só temos em mãos informações das mídias, fonte muito sensível a pressão financeira.

Não sendo ingênuo, podemos inferir em privado que desconfiamos; mas tal desconfiança não nos auxilia em nada; especular dessa forma acerca dos fatos sociais que nos rodeia não nos leva a nada a não ser às ideologia, as mesmas que fazem afirmações boçais do tipo o filho do Lula é dono “disso ou daquilo”(calúnia comprovada de várias formas)  Que não servem para ninguém, seja de direita, seja de esquerda. De onde surge a Lei de transparência na cosia pública, fonte que pode nos levar a ter conhecimentos de partes dos jogos políticos.

O fim da USP se assemelha ao fim da Escola Pública Básica. Não dá para não suspeitarmos e muito menos deixar de fazer comparações; mesmo evitando as especulações. Aliás, a USP passará em breve a aceitar alunos de Escola Pública através de sistema de cotas. Elevando o número de alunos que advém de um ambiente não familiarizado com as letras.

Sou favorável à compensação dos descendentes do genocídio africano em solo brasileiro. Contudo, a forma de fazer não é a que observamos; na qual se introduz o jovem em um ambiente que lhe hostil e depois “paga” para ver até onde ele irá aguentar ir. É preciso compensar materialmente e culturalmente esses jovens que ingressa no mundo da cultura acadêmica. Caso contrário, podemos fazer o paralelo com o movimento da década de 80, quando a multidão de filhos do meio rural entraram na escola “urbanizadora”. Sem a devida transição, tal falsa inclusão serve para consolidar o modelo de guetos sociais dos que tem dinheiro e do restante oprimido.

O início do fim da USP, Unesp e Unicamp talvez seja mais rápido do que o da própria escola pública. Com a rapidez ou desejo de que tudo seja rápido, tal processo irá se intensificar; especialmente com o assalto dos “cérebros” públicos ou financiados nos últimos 50, 40, 30 anos com dinheiro público. É só passarmos os olhos pelas listas dos professores das privadas de “excelência”. Veremos lá a predileção pelos alunos das universidade públicas(doutorados e mestrados) e, cada vez mais, a presença dos próprios “pop stars” acadêmicos gestados com verbas públicas figurando as aulas dos referidos “institutos de excelência”.  (no caso da privadas de excelência que forma doutores; é comum bolsa pública da Capes)

Aliás, já estou fazendo planos de montar uma imobiliária para comercializar os terrenos do campus da USP.

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