Melhor cidade para viver!

Melhor cidade para viver!
Poucos conseguiram sair lá do “córrego” fulano de tal e vir para a cidade e aqui escapar da favela. No entanto o mito “do lugar sem males” ainda persiste no que toca a cidade. Ela ainda seduz a todos como o lugar da felicidade, do bem estar, da vida boa.

Trata-se, o êxodo rural, de um fenômeno  ampliado com a tal da “revolução industrial”. No Brasil ou na China vivemos esse fenômeno mais recente; Os primeiros a vivência-los foram os Europeus, Inglaterra, Franca, Italia, etc.

Basicamente pessoas ligadas à terra e suas regras são postas em um novo lugar; em um novo contexto, sem preparo para tal. Tudo muda, desde os valores morais, o código de funcionamento humano, até questões de logística e impacto “ambiental”(ambiente é tudo que nos cerca).

Assim, o matuto que vivia em harmonia lá no “córrego do pau d’alho”(localidade do Leste de Minas Gerais) ao chegar na periferia de Boston ou de São Paulo se vê despossuído de todos os códigos de sobrevivência urbana. Sua mão de obra logo será requisitada entre aquelas de menos estudos; logo sua moradia será afastada dos “melhores” bairros da cidade grande. A experiência de pegar um ônibus ou metrô com milhares de gente irá provocar impactos em seu psiquismo que ainda não sabemos a dimensão; afinal poucos são os estudos para saber sobre isso.

Serão todos esses que irão compor a tal “massa” urbana. U conjunto de pessoas que levam uma vida simples, que passam várias horas dentro de um ônibus( e não se iluda, em Boston, Londres, Lisboa ou Paris, também se passa muito tempo dentro de um ônibus para trabalhar).

Essa geração que chega ao grande centro em geral trabalha muito. Dentre eles sempre tem os que se dão melhor que os outros; tem sempre diferença em capacidade de se organizar; construir um histórico; Porém, o mais difícil será transmitir aos filhos os valores da privação como meio de conseguir “algo” na vida. A começar pela vida dos estudos, que é antes de mais nada uma capacidade imensa de privar-se.

A falta de uma referência em casa é o primeiro problema na vida dos estudos. O segundo problema é que “só os estudos” não garante o tal futuro almejado e prometido pela cidade. O estudo é um mito que no passado ainda vagava entre essa massa. O dizer era “estuda para ser alguém”.

Porém, com a cultura introduzida no Brasil a partir da Xuxa, a do consumo louco e desvairado, nem mesmo o mito de estudar para ser perdurou. Os filhos dos imigrantes nem mesmo desejam privarem-se através dos estudos. Não se concebe uma vida sem “prazer imediato”. Seja na posse dos objetos de brinquedos, seja na roupa, seja na sexualidade cultivada nas novelas, nas séries, nos desenhos animados;  O prazer demanda um caminho reto entre “eu quero” “eu tenho”.

E é nesse movimento de migração em massa(dos anos 70 para os 90  o Brasil deixou de ser rural e passou a ser urbano) que temos as cidades do Brasil. Assim também foi em outras realidades(França, Inglaterra, Italia, etc).

Todos fustigados pelo mito do “el-dorado”. Levando uma vida dura sem glamour, encarando a vida sem sentido  nas metrópoles do consumo, do ter para ser; e na falta desse ter para ser a vida segue um marasmo. Quando chega as igrejas cassinos para lhe venderem outras ilusões.

Eis a cidade boa para viver; venham!

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