#Livraria: um jogo ideológico

#Livraria: um jogo ideológico
A coisa mais peculiar que leitores e amantes de livraria não sabem é quem e o quê colocam nas prateleiras.

Sim, nos leitores, na verdade alguns poucos, cometemos a besteira de amar demais os livros. Em dado momento fizemos a loucura de tornar editor e livreiro.

Bem vindos a realidade do comércio do livro.

Será nesse momento de descida à realidade que iremos perceber o jogo ideológico por detrás do “bom livro”. Na verdade não há o “bom livro”, há bons comerciantes de livros.

Nesse ponto admiro a figura de Gabriel Chalita, pois sendo um bom comerciante ele procura também ser um escritor. Contudo, seu ponto forte,  que me faz nutrir admiração por ele, é seu gênio de comerciante. Prova que tal cultura é muito forte entre os descendentes daquilo que hoje conhecemos como Líbano ou todo o Oriente Médio ou Oriente Próximo.

Mas caro leitor, você que se sentia um crítico, alguém acima da média; aliás se via apartado da “massa”, saiba que eu além de um cético aventurei-me na ceara da venda de livros. Sentir bem de perto o clima do “livreiro”. Esqueça aquela figura idílica do velho livreiro ou, como entrou para a história, o Alfarrabista.

Há jogos econômicos; como no supermercado, vende-se até os pontos de destaques de uma livraria. Ademais, quem determina os “bons livros” são os que vedem muito, isto é, um editor vende o 50 tons de m…, será ele quem colocará os títulos de Filosofia e Literatura, pois se esses não vendem tanto, o editor compensa com os outros. Afinal, somos obrigados a concordar, uma Crítica da Razão Pura vende pouco e não dá para pagar aluguel e salários com um livro que fica 6 meses na estante.

Nesse sentido, Paulo Coelho e Zibia Gaspareto, ao lado de todos os esotéricos é a salvação da Filosofia. Pois um livreiro precisa viver mês-a-mês e serão esses os que efetivamente irão fazer caixa.

Outra novidade que passa desapercebido é a necessidade de se ter novidades. Em Filosofia isso não é muito fácil. Em primeiro lugar o critério de originalidade, depois a obra de Kant já existe; só compra as pessoas novatas no mundo da Filosofia e seus vizinhos próximos(Direito…) Logo, precisa-se de novos leitores para vender o mesmo livro.

Chalita e Zibia tem novidades a cada 3 meses. Há, um tal de Cury também, que, aliás, anuncia seus livros até mesmo no metô de São Paulo.

Portanto, os bons livros são aqueles que esses bons de vendas permitirem; não por uma ação coordenada, mas pelo fato de que os leitores compram eles e assim, por uma questão meramente econômica, temos uma determinação do que entra nas livrarias.

Será nesse contexto que nos daremos conta do papel das Bibliotecas; e que elas não podem ser substituídas pelas livrarias. No próximo post irei argumentar sobre porque a internet não substitui as Bibliotecas e os livros impressos. A não ser que façamos transferência direta para nosso cérebro.

  

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