Escola sem Partido
A escola sem partido não é uma novidade. Para além dos dados específicos no projeto de Lei PLS 193/2016, já sabemos os seus desdobramentos, pois já tivemos uma edição desse modelo de pensar a escola muito recente. Especialmente depois de 1972, sim, recente.

No que toca a esse blog, matérias de história, sociologia, geografia, literatura e filosofia serão as que mais sofreram mudanças ou, no caso de filosofia e sociologia, simplesmente serão banidas.

Não posso deixar de registrar que os formados em História, não sei de outros exemplos, até o ano de 1988, sim, até a promulgação da Nova Constituição, que ora rasgam, assinavam um termo de compromisso com o Estado ao fim do curso se comprometendo não participar de atividades “subversivas”.

Como professor eu sou averso a catequese, portanto a  professor que só mostra um lado da moeda e ainda toma partido. Em geral esse profissional é limitado e não sabe ser professor, pois ele já pensa que os alunos são “seus alunos” e que eles precisam pensar o que “ele” ensina.

É o pai que ainda não compreendeu o problema freudiano de que os filhos “são um projeto egoíco” e que o  “tombo do cavalo” é ter que engolir que os mesmos são do mundo, são deles e não serão dos seus país.

A escola sem partido reflete os dramas, portanto, que também são vivenciados na educação dos filhos. Os filhos precisaram romper com o “invólucro” familiar para serem eles e isso nos impõe, como pais, a difícil tarefa de mostrar as variáveis da vida, mas nunca obrigar o filho a optar por aquela caminho que você “achar” a melhor. O mesmo pode ser posto na escola. Uma pedagogia apropriada não deve de fato ensinar uma posição única, mas criar um ambiente no qual o aluno construi suas opções, se sente sujeito da sua história. E para tal, para se sentir que é responsável por si, ele precisa ser educado a fazer escolhas, com tudo que implica essa difícil tarefa, e não obrigado a ver só uma visão.

A escola sem partido, na prática, foi e será a imposição oficial de uma ideologia. Será comum escutarmos a volta da “Moral e Civica” como pseudo filosofia ou OSPB (Organização Social e Política do Brasil) no lugar de história. E por aí vai…

Se há o problema de professores marxistas catequizadores, o medo que ronda o pré-consciente dos cidadãos em geral, a sua solução passa por outra instância. Passa pelos processos de formação dos professores, da construção de fóruns públicos de debates de cada área do saber que compõe a escola básica. O que infelizmente não ocorre e os motivos são a escassez de recursos que inviabiliza um magistério estatal decente. E é impensável que um professor marxistas catequizador consiga passar do portão das escolas privadas, aliás, tal professor não consegue nem mesmo levar uma vida dupla com os facebook`s da vida. Logo, esse pavor do professor comunista ensinando Marx aos “lorinhos” só se explica como uma projeção das elites. Sim, ela é que faz isso, ela é que deseja ter o controle que diz ser os famélicos professores de história detendores. Não tem como verificar que tais professores estão de fato fazendo a catequese que um Instituto Von Mise faz (pensamento econômico liberal); o problema da educação pública/estatal é outro, é a péssima qualidade dos professores, isso sim é fartamente comprovado. Para exemplificar o tamanho do problema no tocante a má formação docente, hoje é quase exclusivo a oferta de Licenciatura, o que lhe faz ser um professor, via Educação a Distância. A EAD, como é conhecida, ainda não conseguiu superar algumas barreiras e no modelo em que ela “dá lucro” tem que ser de baixa qualidade. Logo, isso é um problema e dos grandes.

Hoje, para insistir na ideia de que a má formação e as condições do exercício do magistério é o mau maior, um professor de uma “escolinha” de bairro, privada, um docente ganha 1240,00 reais para 25 horas dentro de sala de aula. O que implica mais umas 20 horas em casa para um trabalho honesto. Para superar esse famélico salário, será comum o professor dobrar sua presença dentro de sala, chegando a 50 horas, fato muito corrente e aprovado Legalmente pelo Estado de São Paulo, que recorreu a esse expediente para resolver a falta de professor crônica nas Escolas Estatais. Em prefeituras da grande São Paulo, não precisamos ir em um lugar muito longe de um “norte”, o salário pode ser ainda mais baixo, prefeituras como Juquitiba (parte da Grande São Paulo) considera 44 horas semanais. Como o professor “só fica 25 horas”,  logo a conta é feita por aí.

Enfim, má formação e péssimas condições de trabalho são os verdadeiros monstros da educação nacional.

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