Eduardo Galeano: sua poesia fica

Eduardo Galeano: sua poesia fica
As impressões digitais
(do “Livro dos Abraços”

Eu nasci e cresci debaixo das estrelas do Cruzeiro do Sul. Aonde quer
que eu vá, elas me perseguem. Debaixo do Cruzeiro do Sul, cruz de fulgores, vou
vivendo as estações de meu destino.
Não tenho nenhum deus. Se tivesse, pediria a ele que não me deixe
chegar à morte: ainda não. Falta muito o que andar. Existem luas para as quais
ainda não lati e sóis nos quais ainda não me incendiei. Ainda não mergulhei em
todos os mares deste mundo, que dizem que são sete, nem em todos os rios do
Paraíso, que dizem que são quatro.
Em Montevidéu, existe um menino que explica: — Eu não quero morrer
nunca, porque quero brincar sempre.

Eduardo Galeano

03/11/1940 – 13/04/2015

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

error: Conteúdo autoral!