ABERTURA E MONTE DE VÉNUS DE TANNHÄUSER (VERSÃO DE DRESDEN)

ABERTURA E MONTE DE VÉNUS DE TANNHÄUSER (VERSÃO DE DRESDEN)


RICHARD WAGNER, LEIPZIG, 22 DE MAIO DE 1813 / VENEZA, 13 DE FEVEREIRO DE 1883

O conteúdo deste post encontra-se originalmente no site Casa da Música. Ao qual remeto meus leitores. 

[1843‐1845; c.21min.]

  • Tannhäuser e o Torneio de Trovadores de Wartburg é o título completo da ópera em três actos de Wagner composta entre 1843 e 1845, e estreada em Dresden em Outubro de 1845. O libreto, da autoria do próprio Wagner, foi escrito em Paris, em 1841‐42, e consiste na fusão de duas lendas medievais distintas. Uma, baseada em dados históricos do século XIII, envolve as tensões dos Minnesänger (os cantores de amor) e passa‐se no castelo de Wartburg, próximo da cidade de Eisenach, na Turíngia. A outra é uma lenda popular do século XIV, a lenda de Vénus e Tannhäuser, conhecida de Wagner através dum conto de Tieck e de um pequeno poema de Arnim e Brentano publicado na colectânea da Trompa Mágica do Rapaz. Wagner coloca no centro do enredo a luta eterna entre o amor sagrado e o amor profano, com a redenção final a acontecer através do amor, um tema recorrente noutras óperas suas. Ao fundir personagens históricas, tais como os trovadores Wolfram von Eschenbach e Walther von der Vogelweide, com seres mitológicos (a deusa do amor Vénus) e com a personalidade mista (tanto histórica como mitológica) de Tannhäuser, Wagner cria um contexto intrincado, que vem a ser situado em dois mundos: no castelo Wartburg, real e concreto, e no mitológico Monte de Vénus, uma montanha habitada por criaturas mitológicas, enigmático mas extremamente sensual.
    O início da ópera desenrola‐se no Monte de Vénus. Vénus e Tannhäuser estão abraçados, jogando sensualmente um com o outro, no meio de sátiros, bacantes e outros casais de amantes entregues a uma orgia selvagem e totalmente depravada. Ao longe ouve‐se o canto das Sirenes. O jovem Tannhäuser, exausto de tanto amor e luxúria, pretende regressar ao mundo, tentando afastar‐se da deusa inebriada que não o deixa escapar do seu lascivo jugo. Prometendo cantar a glória de Vénus no mundo terreno, e depois de entoar um hino em sua honra, Tannhäuser, procurando penitência, invoca o nome da Virgem Maria. O reino de Vénus entra em colapso, cai num abismo e Tannhäuser encontra‐se num pequeno vale tranquilo, onde um pastor trauteia uma singela melodia exprimindo satisfação pelo regresso da Primavera.
    Este é o enredo do início da ópera, a parte que coincide com a Abertura e com o Monte de Vénus (Venusberg). A Abertura é a última introdução sinfónica de uma obra de Wagner a utilizar esta designação, que seria posteriormente substituída por “Prelúdios”. De acordo com o dualismo central da ópera, ela tem uma estrutura em duas partes, com secções em Andante maestoso e em Allegro, incluindo o coro dos peregrinos e o tema do bacanal desenfreado. O Monte de Vénus, livre de qualquer convenção estilística, revela uma orquestra de grande eficácia expressiva, culminando na visão flamejante do erotismo puro do Monte de Vénus, propondo em música as vibrações físicas dos corpos em transe.

    Paulo Assis, 2012

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