O que faz uma Academia Maçônica de Filosofia?

O que faz uma Academia Maçônica de Filosofia?

O que faz uma Acadêmia de Filosofia Maçônica

Citação:

LOPES DE ALMEIDA, Cídio. O que faz uma Academia Maçônica de Filosofia? São Paulo: AMF3. 2011. Acessível em: https://amf3.com.br/o-que-faz-uma-academia-maconica-de

O que faz uma Academia Maçônica de Filosofia Maçônica?

Nota 2022

Procuramos fazer correções ortográficas no texto original. No restante ele permanece o mesmo. Como já dissemos noutros textos, o foco da AMF3 na sua origem era o público maçônico e a ideia da filosofia como “filosofia de vida”. Ideia que se desdobrou do nosso Metrado em Filosofia com o título “Estética e Educação em Nietzsche” (ISBN: 9788565610018). Doze anos depois registramos nosso abandono desse foco na maçonaria. Mantivemos nosso interesse pela Filosofia de Vida, ainda que isso não exclua a maçonaria como sociabilidade filosófica

Temos alargado o público por dois motivos. O primeiro foi a baixa aderência do público maçônico ou por uma compreensão errada do seja nosso trabalho de difusão filosófica. O segundo foi justamente por haver uma procura de pessoas no geral pela temática e que do ponto de vista do engajamento e interação acabaram por se fazer uma realidade. Ademais, em tom de uma crítica amorosa, na Maçonaria tem-se como desafio romper com a cultura da aparência em direção duma cultura da essência. Relembrando Aristóteles, “a arte tem que imitar a essência e não a aparência”. 

O texto mantém-se pertinente enquanto reflexão de algo possível. Um projeto de cultivo e promoção cultural filosófico enquanto “Filosofia de Vida”.

 

O que faz uma Academia Maçônica de Filosofia? (texto original)

É comum em solo brasileiro a fundação de sociedades culturais com nomes pomposos. Com frequência encontramos as Academias de Letras e associações culturais. Grosso modo o que caracteriza essas iniciativas?
Quais as motivações delas? Há um propósito aparente e outro por detrás?

Poderíamos aqui investigar do ponto de vista da antropologia o que leva à fundação destas associações culturais. Podemos até mesmo nos perguntar qual relação tais iniciativas estabelecem com nossa cultura Latina e, sobretudo, com o fato do Brasil ser uma “colônia”. Mas, por hoje vamos falar apenas do que a Academia Maçônica de Filosofia pretende ser.

Alguém pode dizer que já fizemos isso em outro texto. Nossa contra-argumentação é que dizer sobre algo várias vezes, procurando não repetir as digressões, pode ser um modo de aperfeiçoar as idéias e práticas.
Feito nosso breve corolário, vamos à questão.

A Academia Maçônica de Filosofia procura se distinguir de outras práticas no seio maçônico no que toca a várias coisas.

Primeiro ela não pretende ser um grupo formal, com rituais Regulares, dentro do seio de uma Potência Maçônica. Esta postura tem por objetivo duas visadas. Primeiro por compreender que se corre o risco de sobrepor atividades maçônicas com a criação de mais rituais aos vários já existentes. Neste sentido, não ser algo com um ritual, rito, é para valorizar o que já existe no seio da Maçonaria. A seção da Loja deve ocupar seu lugar e sua profundidade. Se por ventura os irmãos não estejam sentido isto nas seções o que se deve fazer é procurar renovar o que há e não criar uma outra coisa, que geralmente não resolve o “problema”, mas apenas multiplica.

Outra visada da Academia Maçônica de Filosofia em não ser uma Loja é por compreender que o rigor necessário para a existência de uma Loja Maçônica, que toma tempo e dedicação profissional dos Irmãos da Loja, não deve ser multiplicado sob duas penas: primeiro por total desordem dos obreiros em manter em dia os documentos e procedimentos junto à Potência. Depois, o esforço empreendido em manter tudo em ordem toma muito tempo dos irmãos. Quanto mais Lojas mais procedimentos, o que não resta tempo para outras atividades da Maçonaria.

Alguém, sobretudo os violentos “orkuteiros”(de Orkut) que são apressados, pode dizer: “Ele não reconhece a Potência como digna representante”, mas a reflexão não é por aí. Ao contrário, é para dar valor e sentido à Potência que defendo a não multiplicação de Academias e rituais. Os processos e procedimentos, que podem até ser pensados em modos mais eficientes, mas não extintos, são necessários para se manter de fato uma confraria. O filósofo Nietzsche, a esse propósito, tecia duras criticas à pressa moderna. Para o alemão, os modernos não mais conseguem fazer uma leitura dos clássicos, pois tem pressa, preferem ler os resumos dos jornais. Os processos da Ordem maçônica são exatamente para fazer com que as coisas não virem confraria da “carochinha” ou coisa de lunáticos.

A “ordem” que a Ordem Maçônica procura cuidar em geral gera vida. A “ordem”, sobretudo aquela apregoada pelos autocratas, pode gerar outras coisas, pois se trata de uma ordem que beneficia a poucos. Mas não podemos deixar de afirmar que se há uma ordem que não gera vida, certamente a desordem e o caos geram morte. Neste sentido, é válido o cuidado da Potência para com os procedimentos em Loja.
Porém, a própria Ordem incentiva que as Lojas promovam atividades culturais e filantrópicas e é esse o contexto de uma Academia cultural.

Neste sentido é que pensamos uma Academia Maçônica de Filosofia. Um instrumento que não tem como foco os processos da Potência. O que ela puder se eximir disso o fará, pois, os procedimentos da Loja já cumprem este papel. Cabe a nós a atividade de leitura, produção de resenhas, produção de artigos filosóficos (científicos) e formação humana, entre outras atividades.

Este serviço cultural tem sido raro em geral e no contexto maçônico em particular. Temos noticias de como caracteriza esse serviço cultural numa introdução de uma obra de Nicola Aslan. Para esse estudioso da maçonaria uma Academia tem por objetivo não os rituais, mas a produção de substrato teórico sobre história, filosofia, sociologia, economia maçônica, etc. Na esteira dos raros de promoção dessa cultura filosófica maçônica, cito ainda os esforços da Editora “A Trolha Maçônica, sediada em Londrina, Paraná. Dentre seus vários títulos, lembro-me de “A maçonaria na universidade”, que retoma a ideia que aqui desenvolvemos em partes.

Neste sentido a Academia Maçônica de Filosofia se concentra na produção teórica. A expressão “produção teórica” não goza de um bom estatuto entre nós brasileiros. Teoria que é sempre posta em suspenso como sendo algo menor e desnecessária, preterindo a tão famigerada “prática”. Não canso de avisar, sobretudo no contexto do Pragmatismo de Pirce, que “praticista” não é pragmático.

A Academia Maçônica de Filosofia não está preocupada com um estatuto. Esta prática, notada por nós entre os tais Institutos para-maçônicos, revela já de imediato que tal empreitada será estéril no que toca à produção de conhecimento. (Eficiente talvez em arrecadar mensalidades, na forma de clube de assinantes). O rigor necessário, como respaldo de disciplina, respaldo Legal, já é praticado na Loja Maçônica, logo para que mais regras?

Também não se tem receio de ser copiada a ideia. Aliás, felicitaríamos se houvesse uma cópia da Academia Maçônica de Filosofia. Pois o grande público maçônico, para nosso pesar, não estuda. Os poucos que leem, não sabem ler Filosofia e estão mais habituados com os processos jurídicos (os advogados). Fazendo confusão entre esse labor técnico e o que seja filosofia propriamente.

Para os que leem filosofia nossa proposta será compreendida. Essa ideia não é a de criar o club dos eleitos, mas é uma dura constatação da pouca leitura no contexto maçônico. Quando se indica esse fato o que temos como desejo é justamente provocar para que haja mais leitores e sobretudo interessados em engajar nessa proposta de focar no que é a essência da Maçonaria: Filosofia.

A Academia Maçônica de Filosofia, portanto, se define e põe enquanto uma prática modesta de alguns Maçons. A prova de sua existência é a produção teórica, palestras de filosofia, história maçônica, etc. É assim que espera ser vista.

Suas atividades, a exemplo da Academia de Platão em esotérica e exotérica. Uma voltada a maçons regulares, outra às pessoas em geral interessadas em Filosofia.

Nas atividades externas, pretende-se também informar ao público em geral o que é Maçonaria. A cada dia cresce uma prática de difundir preconceitos sobre essa sociabilidade.

 

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