Ficções Jurídicas em Hans Vaihinger

Ficções Jurídicas em Hans Vaihinger

Para o público leitor do nosso Blog e que tem como profissão o Direito ou o magistério em Filosofia eis uma dica de leitura. Excelente obra na medida em que cumpre dois objetivos estratégicos: demonstra ao profissional de Filosofia as implicações práticas do saberes teóricos desse campo do saber, as vezes isolada no magistério e, como segundo objetivo, demonstra ao profissional do Direito o quanto pode ser produtivo o arcabouço filosófico para seu labor na seara jurídica.

Francisco de Assis e Silva
Ficções Jurídicas em Hans Vaihinger. Francisco de Assis e Silva
Quant.:
  

A
Filosofia do Como Se em Português.
O
tema das ficções e suas implicações nos mais variados campos do saber recebeu
na volumosa obra Filosofia do Como Se de Hans Vaihinger tratamento exaustivo.
Consistiu em um longo trabalho do autor que fez várias revisões e mesmo
reelaborações em algumas partes da obra.
Recentemente
foi publicado em língua portuguesa a tradução dessa volumosa obra. O trabalho é
de Johannes Kretschmer realizado no âmbito do Programa de Pós-graduação em
Letras da Universidade Estadual do Rio de Janeiro e que o qualificou como
Doutor em Letras. O título completo da obra é “A Filosofia do como se: sistema
de ficções teóricas, práticas e religiosas da humanidade na base de um
positivismo idealista”. ISBN:  978-85-7897-036-9
A
contribuição de Johanes nos parece inestimável para a pesquisa nacional sobre
os temas das ficções. As edições francesa e inglesa, sendo essa prefaciada pelo
próprio Vaihinger, acabam por restringir seu acesso quando ao pesquisador que
já se encontra no mestrado ou doutorado. Porém, é na graduação onde as paixões
e motivações intelectuais se assentam, mas fase da formação em que se utiliza o
universo de obras em língua portuguesa. A falta de um edição da Filosofia do
Como Se em nossa língua nessa etapa da formação acadêmica em que é habitual ler
no vernáculo tem alijado essa importante temática das pesquisas nacionais.
Adentrando
ao conteúdo da obra, a qual tomamos conhecimento na tradução francesa de Christophe
Bouriau (Université Nancy2) e depois na tradução de Jones em formato de
tese fotocopiada, podemos verificar outro fato peculiar e que comprova o
anonimato dessa obra entre nós. Vaihinger toma como ponto de partida de suas
ficções dois filósofos amplamente conhecido no Brasil e mesmo assim sua teoria
das ficções passa ao largo dessas produções. A ideia schopenahaureana de
vontade será para  Vaihinger a própria
ficção, algo que excede a linguagem mas que acaba por atuar nela. Em Nietzsche
ele considerou o perspectivismo como fundamental à sua teoria das ficções.
Outro
fato comprovado do anonimato é que o fundador da Revista Kant Studien e da Kant
Gesellschaft, também é raramente citado entre os kantianos em português. Consta
entre as obras de Vaihinger uma volumosa Commentar zu Kants Kritik der
reinen Vernunft
(philosophy) 1881-1892. Certamente o objetivo de divulgar e
congregar pesquisadores em torno da obra de Kant foram alcançados.
A
publicação da Filosofia do Como Se abre uma excelente oportunidade de debate
sobre as ficções em nossa língua. As implicações entre filosofia e Direito,
para citar apenas um dentre vários outros campos do saber que Vaihinger verifica  a presença das ficções, serão frutíferas.
Plageando
Riobaldo, personagem de Guimarães Rosa, “podemos dizer que temos poucas
certezas, mas desconfiamos de muito coisa”. Motivados por esse espirito
investigativo o Instituto Kora publicará o trabalho de Francisco de Assis e
Silva, Ficções Jurídicas em Hans Vaihinger, que trabalhou com a versão em
inglês da obra e só posteriormente encontrou o trabalho de Jones na forma de
fotocopia. As ficções jurídicas e suas implicações na interface filosofia e
ciências sociais tem-se revelado possibilidade teórica de pensar a filosofia e
a práxis social.
Prof. Me. Cídio L. De Almeida

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