Auschwitz, Holocausto, 70 anos!

Auschwitz, Holocausto, 70 anos!

A matança sistemática e planejado, com fundamentação teórica, de uma etnia. Há 70 anos toda uma racionalidade técnica foi posta em cheque, afinal “depois de Auschwitz” é possível dar qual crédito para a tal da razão instrumental?

Passados esse absurdo temos que tomar cuidado com dois outros. O primeiro é o de esquecer ou amenizar a absurdidade de tal feito humano. Aliás, mesmo entre jovens judeus de hoje corre-se o risco do esquecimento dessa tragédia “racional”. Em seguida, a tal razão instrumental ainda tem força de verdade; Não a título de dizer que são a mesma coisa, longe disso, mas não podemos deixar de notar como o discurso “econômico” de hoje tem poderes supra-humanos e como esse modelo de razão tem estreitas ligações com aquela máquina de guerra que encontrava “justificativa” racional para o que fazia. A prática de juros por parte das Instituições Financeiras do mundo de hoje são absurdas. Se fizermos um recorte veremos sua desumanidade exatamente nos países pobres. O Brasil, por exemplo, tem taxas (des)humanas que sempre são aplainadas, com auxílio bem remunerado das grandes mídias.

Na esfera da razão que produziu as monstruosidades, vale ainda lembrar que sua marca foi ter ganhado instâncias de inquestionabilidade, de ser absoluta. Nos dias de hoje podemos também encontrar tais traços, além da economia, no discurso da medicina, campo do saber que se protege em cerradas associações profissionais(no caso do Brasil Conselho Federal de Medicina). Ainda nesse setor, é conhecido o debate sobre o “Ato Médico”.

No fundo desses discursos, nazista/facista/franquista/salazarista, o que podemos constatar é seu fechamento; sua rigidez e aversão a qualquer caráter plural e coletivo (confundido sempre com a besta do comunismo). Será no traço de fechamento ou rigidez de ideias que podemos verificar a semelhança da barbarie do Holocausto com os discursos econômicos e médicos de nossos dias. Sem nos esquecer do fenômeno rede sociais que também acabam por produzir tais traços em todos os “conectados” nas redes sociais.

Enfim, não se está aqui dizendo, nessa data onde se lembra os 70 anos de Auschwitz,  que discursos de hoje são aqueles do passado associado ao Holocausto. Seria simplismo demais. O que se estar a dizer é que a luta para expurgar um tipo de razão, a chamada razão instrumental, deve continuar. Também seria outro simplismo o pensamento que apregoa total falta de razão. Sairíamos de um simplismo a outro. A razão é nossa companheira de viagem, faz parte de nós. O desafio é outro tipo de razão, uma razão que nunca esqueça de seu caráter relacional; nunca esqueça do outro, do diferente; da dificuldade de viver com o efetivamente diferente; dos limites do diferente.

Prof. Cídio Lopes de Almeida

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