Aconselhamento Pastoral

Aconselhamento Pastoral
Prof. Me. Cídio Lopes de
Almeida
            Para
destacar os pontos relevantes, segundo a leitura que fiz do texto, penso que o
objeto da disciplina, isto é, o fazer do aconselhamento, tem, duas matizes que
caracteriza muito bem o “Aconselhamento Pastoral”.
            A
primeira matriz é a que faz uso do serviço de aconselhamento como foco
primordial do exercício de Poder. Assim, para Schneider-Harpprecht o
aconselhamento pastoral é uma “expressão problemática, pois sugere que
aconselhamento seria em primeiro lugar uma atividade do pastor como ministro
ordenado e implicaria uma relação de poder[…]” (p.291)
            A
segunda variação característica é aquela na qual se tem por base “[…] a
convivência no contexto da Igreja, a koinonia
dos membros.”(p. 292) Convivência fraterna que significa “a comunhão com Jesus
Cristo, o Filho de Deus encarnado que, na sua vida e morte, compartilhou o
destino humano e, conforme a promessa do evangelho, se torna presente ‘onde
dois ou três se reúnem no nome dele’(Mt 18.20)”. (p.292)
            Pode-se
verificar que o modelo clerical sempre ganha terreno em momentos de
sistematização da fé, expresso no ordenamento das Igrejas. Nesse contexto, o
cristianismo se torna instrumento de exercício do Poder e o aconselhamento
pastoral torna-se instrumento de controle, de prescrição. Por outro lado, em
momentos no qual ser cristão é viver na periferia do Poder hegemônico o aconselhamento
pastoral assume características de partilha e empenho pessoal em viver de
determinada forma em vistas de ser alguém que expresse o que há de melhor no
âmago do ser gente. Não se trata de uma autoridade que negligencia a liberdade
dos indivíduos, mas no uso da liberdade me filiou a um projeto edificante.
            Dos
dois modelos históricos do aconselhamento o que é fruto do Poder faz questão de
impor aos indivíduos uma vida de pecado. Realçam sempre que possível a idéia de
que o “pecado original” retira a dignidade humana. Faz questão de jogar o
indivíduo na lama, para, depois, oferecer o paraíso que, claro, passa pelas
mãos da hierarquia religiosa. Mesmo Lutero, como o texto salienta, se em
primeiro momento contrapõe o Poder da Igreja Romana  com a idéia de exame de consciência pessoal,
acaba por mais adiante corroborar o papel do pastor ou “ a substituir a
concepção do aconselhamento livre dos irmãos na comunidade por um sistema mais
controlador e pastocentrico,[…]. (p. 300)
            As
tentativas de dar ao aconselhamento pastoral respostas históricas levaram a
vários caminhos em especial os que estabelecem implicações com o Iluminismo e
com a Psicologia. Nesse sentido, e já cumprindo o segundo propósito de comentar
esses modelos expressos nos tópicos 13.3.1 até
13.3.4 do texto objeto dessa síntese, iremos verificar que houve uma tensão
entre o primado teológico e o das ciências humanas em questão. Com freqüência
se procurou subordinar os conhecimentos da psicologia às Escrituras o que, por
exemplo, levou o psicólogo Gray Collins, dentro do modelo evangelical de
psicologia pastoral, a dizer que “toda verdade tem origem em Deus, inclusive a
verdade sobre as pessoas por ele criadas.”(p.304)
            Outros,
como León tentaram “respeitar os limites entre as perspectivas psicológicas e
teológicas”, mas não consegue, pois afirma que “antes de Jacques Lacan se
referir às estruturas do psiquismo, nosso Senhor Jesus Cristo já nos havia
apresentado,[…]”. (p305) Apesar da boa vontade de sair da postura do modelo
fundamentalista, no qual “o aconselhamento pastoral educa a pessoa por meios
diretivos para que ela se aproxime do exemplo de Cristo”(p. 303), os evangelistas ao subordinar a psicologia
à teologia promovem certo exercício de Poder disfarçado.
            Parecem
encaminhar para uma prática de aconselhamento mais no sentido de vida
partilhada os modelos ‘holísticos de libertação e crescimento’ e o ‘contextual
de uma poimênica da libertação’, nomeadamente presentes na realidade da América
Latina. A definição de Clinebell para poimênica, citado por Schneider-Harpprecht,
é acertada: “o ministério amplo e inclusivo de cura e crescimento mútuo dentro
de uma congregação e de sua comunidade”.(p. 306) Essa proposição admite a
complexidade da existência humana em dado momento histórico e o que se faz
necessário para que ele possa ser em plenitude.
            Para
finalizar, o modelo de poimênica da libertação parece coadunar ao do parágrafo
acima. “O critério decisivo para a poimênica é a sua contribuição para a
conscientização política e o progresso nessa luta. Integrada na prática
libertadora, a poimênica torna-se tarefa de todos e todas e serve para que as
pessoas e os grupos populares achem a sua identidade e cresçam em
conjunto.”(p.308)

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