A reunião das Ferramentas

A reunião das Ferramentas


Contam os mais sábios que em
uma certa oficina de carpinteiros houve uma vez uma estranha reunião.
Foi uma Sessão econômica,
promovida pelas ferramentas, com vistas a equalizar suas diferenças,
divergências naturais, decorrentes das características individuais, porém
fundamentais ao labor congregado.
O martelo exerceu a
presidência da Sessão e o lápis o secretariou.

Na ordem do dia,
os participantes notificaram o martelo que ele teria que renunciar ao cargo. A
causa? Fazia demasiado barulho e, além do mais, passava o tempo todo desferindo
golpes, como que em julgamento.

O martelo
aceitou a culpa, no entanto, pediu que o parafuso também fosse expulso da
reunião, argumentando que ele dava muitas voltas para poder cumprir com os seus
objetivos. Diante do ataque, o parafuso concordou, mas, por sua vez, solicitou
a exclusão da grosa e da lixa. Argumentou que elas eram muito ásperas no
tratamento com os demais e que suas intervenções eram abrasivas e desgastantes,
pois seu modo de atuar produz muito atrito.

Sem muitos argumentos, eles
acataram a decisão, com a condição de que se expulsasse o metro, que sempre
avaliava os outros segundo a sua medida, como se fora o único perfeito.

Nesse momento, o
CARPINTEIRO entrou na reunião, juntou as ferramentas, a madeira bruta, o lápis,
para as devidas anotações e deu início ao seu trabalho. Utilizou o martelo, a
grosa, a lixa, o metro, e o parafuso.

Finalmente, aquela rústica
madeira foi convertida em um polido e fino móvel.

Quando a carpintaria
ficou novamente só, a assembléia retomou a ordem do dia e reiniciou a
discussão.

Foi então que o lápis, no
ofício de elaborar a ata, atividade que reflete as conclusões do metro, tomou a
palavra e disse:

Senhores, ficou
demonstrado que temos defeitos, no entanto, o CARPINTEIRO trabalha e constrói
suas obras com nossas qualidades, com nossos pontos valiosos. Assim, não
pensemos em nossos pontos fracos e concentremo-nos em nossos pontos fortes.

 

A assembléia
concluiu que o martelo deve ser firme e forte, por sua condição de dirigente, o
parafuso, precisa manter seus movimentos circulares, pois em seu giro atua como
elemento de ligação, unindo e dando consistência à obra do CARPINTEIRO; a grosa
e a lixa são especiais: a 1ª, tem a responsabilidade de desbastar e tornar
menos grosseira a madeira bruta; a 2ª, o ofício de polir e aperfeiçoar tudo o
que se encontra em estado imperfeito; já o metro, necessita ser preciso e exato
em suas intervenções, pois representa a medida, a convenção, a regra.

A partir desse
momento, as ferramentas sentiram-se como uma grande família, capaz de levar a
efeito, com sabedoria e perfeição, as ações do CARPINTEIRO. Ficaram alegres
pela oportunidade de trabalhar em conjunto e comungar um mesmo ideal.

Estando tudo
ajustado e perfeitamente de acordo, o lápis lavrou, no livro de registros, o
resultado da convenção, segundo os usos e costumes da Carpintaria.

 

Coincidentemente,
esse fenômeno, também, se manifesta na vida dos seres humanos. Basta, para
tanto, observarmos e constatarmos os fatos.

Quando uma
pessoa busca encontrar em outra somente defeitos, o ambiente torna-se tenso e
negativo. Ao contrário, quando se procura enxergar, exclusivamente, os pontos
fortes, o ambiente pode se tornar superficial. Porém, quando desejamos, com
coragem, prudência e justiça, valorizar os pontos fortes e desenvolver
positivamente os pontos fracos, o ambiente se revela harmonioso e os trabalhos
profícuos. Naturalmente, florescem as melhores conquistas humanas.

É fácil e
perfeitamente humano identificar em outras pessoas defeitos, qualquer um pode
fazê-lo. No entanto, encontrar qualidades… bem, isto é um privilégio
reservado somente aos sábios!!!

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