A Flauta Mágica

A Flauta Mágica


Representada
pela primeira vez no Theater auf der Wieden de Viena, a 30 de setembro de 1791,
a obra obteve um êxito imediato, perante a satisfação de Mozart, apesar de o
músico escrever, a 7-8 de outubro do mesmo ano: “Aquilo que me faz mais
feliz é a aprovação silenciosa!”.
Decorria o ano
de 1790 e a capital austríaca estava a atravessar um árduo período de
desorientação sombria. A dura fase de adaptação imposta pela subida ao trono de
Leopoldo II, sucessor do seu irmão José II, não era certamente facilitada,
devido às preocupantes notícias procedentes da França, que naquela época estava
submersa em plena revolução.
Naquele clima
de incertezas e suspeitas, a maçonaria, em particular, que tanto despertara o
interesse de Mozart, especialmente pelo espírito de fraternidade que promovia,
caiu em desgraça. Por outro lado, o compositor também não estava a viver a
época mais fácil da sua vida. A saúde dava-lhe continuamente razões para
preocupar-se, a sua situação financeira estava seriamente comprometida e o
teatro da corte afastara Lorenzo da Ponte, grande amigo de Mozart e seu
libretista mais valioso, da sua convivência.
Foi exatamente
nesse momento que Emanuel Johann Schikaneder, empresário de um pequeno teatro
popular situado nos arredores de Viena, o Freihaus Theather, propôs a Mozart a
composição da música para um singspiel, a opereta alemã. Este gênero, bastante
recente na época, estava diretamente inspirado na Opéra comique francesa (muito
apreciada em Viena desde 1752) e abrangia uma combinação heterogênea de
diversos ingredientes que iam da ária italiana à romança francesa, passando
pelos lieder alemães. A proposta de Schikaneder não podia deixar de suscitar o
entusiasmo de Mozart que, dois anos antes, numa carta dirigida ao seu pai, afirmara
ser “capaz de adaptar ou imitar qualquer gênero musical ou estilo de
composição”. O compositor sentia também uma simpatia bastante especial por
Schikaneder, autor do libreto e, sobretudo, extravagante personagem, admirador
incondicional do teatro espetacular, excelente intérprete das obras de William
Shakespeare e, na sua forma de viver, abertamente contrário a todas as
convenções sociais.
As fontes
literárias que influíram mais diretamente na obra do libretista foram Sethus, o
romance de J. Terrason (que contém abundantes referências aos ritos egípcios e
às provas de iniciação), e a fábula Lulú, de Liebeskind, que se inseria no
inesgotável filão da Zauberoper (ópera mágica), um gênero que ganhava cada vez
mais popularidade nos teatros alemães, graças, sobretudo, aos fascinantes
efeitos conseguidos pelas encenações na representação dos elementos mágicos. Na
verdade, o texto sofreu uma transformação profunda durante a fase de redação.
Essa transformação teve como resultado final um libreto de aspecto muito
diferente ao dos textos puramente fantásticos que durante aqueles anos estavam
muito em voga. Isso deveu-se, sem qualquer dúvida, ao acréscimo de ritos de
clara inspiração maçônica, que contribuíram bastante para enriquecer o
significado íntimo da ópera.
No que diz
respeito à música desta ópera, a grandeza e genialidade de Mozart reside por um
lado, em ter sabido conferir, de uma maneira verdadeiramente magistral, uma
grande unidade às diversas vertentes estilísticas típicas do Singspiel,
elaborando novíssimos princípios formais e também de equilíbrio e por outro
lado, em ter utilizado, com uma destreza que poderia ser considerada
excepcional, o vasto panorama dos estilos como poderoso meio expressivo. o
êxito de A Flauta Mágica foi imediato e colossal. Basta mencionar que, só no
primeiro ano foram efetuadas mais de uma centena de representações, e que o
próprio Goethe declarou que aquela música era a única digna de acompanhar seu
Fausto. No entanto, Mozart saboreou muito pouco da aceitação unânime do público,
visto que morreu cerca de um mês depois da estréia.
A
Flauta Mágica e a maçonaria
As três
batidas do ritual maçônico estão presentes. A partitura da abertura da ópera A
Flauta Mágica, mostra as partes de clarinete, oboé, flauta, fagotes e trombetas
no momento em que entram as três batidas depois de uma longa pausa .Os
instrumentos de percussão e cordas ficam em pausa.
No nono ato
Sarastro diz a Pamina: “Dentro destes sagrados muros, a vingança não tem
lugar – Ademais, os homens são governados pelos ideais do amor e da
amizade.” Benedito M de C Filho

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